quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Do nada ao Infinito

O budismo é uma religião oriental cujo centro do seu pensamento é o desejo. A vida humana é sofrimento, e a origem do sofrimento (uma das "quatro nobres verdades" do budismo) é o desejo (o "eu"). Por isso, a solução para o fim do sofrimento é a eliminação do desejo, ou seja, do eu, num processo de aniquilamento de si mesmo, até atingir o que se chama de "nirvana", a beatitude eterna, o nada. Bem diferente é o cristianismo. Para o cristianismo, o homem é, como para o budismo, desejo. Mas o desejo não é o problema. O problema é a satisfação do desejo. O que satisfaz o desejo? Esta é a verdadeira pergunta cristã, o centro de todo o cristianismo. Santo Agostinho, no século V, responde no início das suas Confissões: "Criaste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração não descansa enquanto em Ti não repousar" (Confissões 1,1). O homem é desejo de infinito, podemos observar isso em nossa existência, somos uma insatisfação, tanto que um amigo meu disse: "o problema começa não quando não conseguimos alguma coisa, mas quando a conseguimaos e descobrimos que ela não basta). Para o cristianismo, o homem é essencialmente desejo, e desejo infinito, que só que é infinito pode satisfazer. A isto chamamos "Deus"; ela não é a religião da aniquilação do eu, mas da plenificação do eu, também chamada "deificação". O eu, encontrando o objeto do seu desejo, torna-se cada vez mais si mesmo, tornando-se capaz de uma plenitude só visível no cristianismo, que se chama "santidade", plenitude que tem outro nome: "amor", pois o homem é desejo de amor, de amar e ser amado e este Mistério Infinito revela-se exatamente como "amor", um "amor infinito". O melhor de tudo é que tudo isso não é só abstração intelectual; existe uma realidade na qual tudo isso é visível e tangível, chama-se "Igreja", um povo em caminho guiado por uma pessoa viva: o Papa.

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