quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Chiara Lubich


Em clima de ano eleitoral, e de mais do mesmo, me provoca muito a pergunta: "o que pode mudar o mundo? Mas mudar mesmo, de verdade? E sem pieguice, porque de pieguice já estamos cheios?"
A única possibilidade de mudança para o mundo é a pessoa mudada. Talvez não nos demos conta, mas a maior de todas as mudanças, a mais difícil, e entretanto, a mais definitiva, é a mudança pessoal, a revolução pessoal, que o cristianismo chama por um nome muito preciso: metànoia, em grego, que significa mudar a direção do olhar. Essa mudança de direção de olhar, do nada para o ser, das utopias para aquilo que existe, tem um fruto muito preciso que a Igreja chama de santidade, tal como eu falei sobre São Francisco de Assis. Mas a santidade não é algo limitado a grandes homens, tanto que uma mulher de compleição frágil, morta aos 14 de março deste ano, aos 88 anos, é sem dúvida, uma das grandes santas dos séculos XX e XXI.


Chiara Lubich nasceu em Trento, Itália, em 1920, e ficou muito marcada pelos horrores da 2ª Guerra Mundial, que devastaram a Itália e a Europa. Em 1943, fez uma promessa a Deus de servir somente a Ele por toda a sua vida. Em seguida, ela e mais três amigas começaram a viver uma amizade profunda entre si e a reconstruir a Itália devastada, animadas pela certeza da presença de Cristo. Esta amizade logo começou a atrair muitos jovens e rapidamente Chiara viu-se no centro de um movimento chamado dos Focolares (que vem do termo "fogo de Jesus"). Este movimento de amizade cresceu e se espalhou em todos os continentes. Os Papas, logo o reconheceram e o promoveram, reconhecendo-o como "Obra de Deus". O Movimento dos Focolares tem como vocação o ecumenismo, a dilatação imensa entre todos os cristãos, de todas as igrejas, e recentemente introduzindo o abraço a todos os povos, culturas e religiões, baseado no reconhecimento de todos termos a mesma origem e destino: o Mistério de Deus.


Na sociedade, este Movimento também tem um forte impacto, fundou a chamada economia de comunhão, uma nova relação entre empresas, e entre patrões e empregados, que já se torna inclusive pesquisa científica em universidades e mereceu um artigo na O&S (revista da Escola de administração da UFBA), um livro da Fundação Getúlio Vargas (que eu vi na sala do professor Genauto França). É impressionante olhar para Chiara Lubich como uma testemunha da esperança, num século marcado pelo avanço do terrorismo, e como uma mulher frágil do interior da Itália pôde re-eerguer o mundo, aniquilar no "fogo de Jesus" séculos de ódio e intolerância mesmo dentro do cristianismo. A maior santa do século XIX (morta em 1897), Terezinha de Lisieux comentou a declaração de Arquimedes: "me dê um ponto de apoio e uma alavanca, e reerguerei o mundo". Ela disse: "Para os santos, Cristo é esse ponto de apoio, e com a alavanca da oração, mexeram e remexeram o mundo". Chiara Lubich é uma prova viva disso. Bento XVI falou dela neste termos: "Mulher de fé intrépida, mansa mensageira de esperança e de paz". Eu creio porque eu vejo!

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