segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Os jovens de hoje entre a apatia e o desespero: por quê?

Ontem, um amigo me contou sobre o drama pelo qual começa a passar a sua sobrinha, com somente 19 anos, que engravidou, e o seu namorado, de apenas 20 anos. Em suma, eles não estão preparados para enfrentar a situação. Mas quem está? Hoje, os jovens não recebem mais educação. Educação é introdução à realidade total, introdução à totalidade, em suma. Hoje em dia, vemos os pais acharem que basta dar escola, assistência médica, brinquedo, dinheiro, televisão e computador. Mas como disse o maior gênio da História, Jesus Cristo, "Não só de pão vive o homem" (Lc 4,4), ou seja, não só do que é material, superficial, mas "de toda a palavra de Deus" (Lc 4,4) ou seja, da profundidade do real, do sentido, da razão da realidade. Viktor Frankl, fundador da logoterapia (terapia pelo conhecimento), e sobrevivente de um campo de concentração nazista, disse em seu livro Em Busca de Sentido, que o homem aguenta tudo, todas as privações, menos a privação do sentido para a sua existência. Não é à toa que a Noruega tem um dos maiores índices de suicídio do mundo. A opulência sem sentido é absurda. Falta a esta geração o sentido da vida, a razão da existência, a razão pela qual crescer e enfrentar a vida, com todos os seus desafios. Lendo um artigo sobre obras (empresas, ONGs etc) que falava entre outras coisas dos jovens, eu vi esses excertos, que fazem um diagnóstico interessante da situação, e um por último, que além de diagnosticar propõe uma solução. Segue-os abaixo:

"Em 1968, os jovens encarnavam a esperança, o futuro, a libertação, a utopia. Já os jovens de hoje quase sempre me parecem a vanguarda do medo, da angústia diante do futuro. São vítimas, no meu modo de ver, de uma espécie de 'síndrome de Peter Pan' (...). São crianças, adolescentes que se recusam a crescer (...) o medo e a angústia estão ligados a uma espécie de irresponsabilidade e a um sentimento de serem vítimas (...). Eles esperam tudo do Estado e da política (...). Todos têm medo de viver sem as muletas do Estado, de ter de entrar na vida adulta." Luc Ferry (ABC, Temos medo de tudo, do tabaco, do sexo, do álcool, da mundialização..., 1º de abril de 2006)

"Os jovens, mesmo que nem sempre o saibam, não vão nada bem. E isso não graças às crises existenciais de sempre, de que a juventude está cheia, mas porque um intruso inquietante, o niilismo, vaga entre eles, penetra em seus sentimentos, confunde seus pensamentos, elimina perspectivas e horizontes, enfraquece sua alma, entristece as paixões, tornando-as sem vida." Umberto Galimberti (La Repubblica, A geração do nada, 5 de outubro de 2007)

"Os jovens preferem continuar passivos (...) vivem envoltos num misterioso torpor." Pietro Citati (La Repubblica, Os eternos adolescentes, 2 de agosto de 1999)

"Vem despertando com força, tanto na Europa como nos Estados Unidos (...) um novo e imprevisível desejo de aliança social, a exigência de um universo humano, se é que eu posso me expressar assim, formado por uma trama mais densa e cerrada (...) Enfim, a busca (...) de uma nova sustentabilidade social para o crescimento de cada individualidade (...) [na qual] a técnica possa estar relacionada com a vida (...) produzindo liberdade de maneira direta (...), sem passar pelo mercado, mas evitando enfraquecer demasiado este último. A Igreja o percebeu muito bem, e depressa: e vem se dirigindo com prontidão para esse horizonte, que lhe é familiar." Aldo Schiavone (La Repubblica, A direita não sabe mais explicar o mundo, 16 de outubro de 2007).

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