quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dançando sobre o vazio ... ou sobre o cheio?

Um dia, discutindo sobre o niilismo, um amigo me disse que agora, que a razão foi tirada de seu centro, que todo mundo desconfia da razão, resta-nos ... dançar sobre o vazio! É o que Nietzsche diz, resta-nos agora dançar sobre uma estética vazia, sobre a pura forma do nada... Isso nunca me bastou, porque eu semprei pensei que dançar sobre o vazio não tem graça, ou como diz Luís Fernando Veríssimo, "o ateísmo é tão chato como um mundo sem loiras"! Dançar sobre o nada não me atrai.
Tem um livro muito bom do jornalista italiano Vittorio Messori chamado "A fé em crise? O cardeal Ratzinger se interroga", de 1985, no qual ele interroga o então cardeal Ratzinger, hoje papa Bento XVI, sobre o catolicismo dele, e nele Ratzinger fala que, como bom filho da Baviera, o seu catolicismo não é rançoso e ranzinza, mas alegre e colorido, no qual existe espaço para a oração, mas também para a festa e para a alegria (em oposição ao protestantismo, que é comum na Alemanha, muito mais focado na observância de regras).
E aí, pensei, dado que a esperança é o inverso do niilismo, vou virar esse negócio de cabeça pra baixo! É bom dançar sim, mas por que sobre o vazio? Por que não sobre o cheio? Por que viver no desespero se eu posso esperar? Por que pensar que estou imerso no nada, quando estou imerso no Infinito, nele me movendo, existindo e sendo?
Por isso, a esperança tem um nexo profundo com a liberdade, que tem a ver com esse reconhecimento e me parece que a escolha está em nossas mãos! Ou a Grande Presença, ou o nada! Já que é pra dançar, que seja sobre o cheio, como se diz na música Keep On Rising: "Live your life, and you be free!" (Viva a sua vida e seja livre!)", dançando sobre o cheio!

Nenhum comentário: