sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A vivacidade do meu coração

Hoje eu quero escrever, porque hoje eu acordei cedo e disposto. Há um bom tempo eu não sei o que é isso! Que coisa maravilhosa acordar, comer, sentir o dia e vir assistir a Missa na Catedral de Aracaju, que fica a dez minutos a pé da minha casa! Que coisa realmente maravilhosa! Mais maravilhoso ainda é o meu coração, e ainda mais Julián Carrón, que tem me ajudado a descobrir a mim mesmo!

Por que a realidade - o Senhor Jesus - me trouxe a Aracaju? Por que me macerou nos primeiros dias? Por que moeu-me nos primeiros dias nos quais eu estive aqui, nos quais eu não queria levantar, só dormir, não queria sair de casa, não tinha ânimo para nada, e só fui ver Camilo a pedido do padre Julián de la Morena?

A resposta começa a vir aos poucos, me observando dentro do real. A realidade me trouxe aqui para que eu pudesse conhecer a mim mesmo e conhecer a Cristo. Agradeço a Carrón, pois ele me fez entender que os sintomas que experimentei, que muitos identificariam com ansiedade, pânico e depressão, na verdade são sinais do meu coração, do meu coração, vivo, das minhas exigências, sendo que a mais forte que pulsou nestes últimos dias foi a exigência de significado.

Qual a razão de tudo isso? Por que o Senhor me faz rodar feito um pião, muitas vezes para cima e para baixo? Por que dilacera-me todo inteiro? Por que deixou-me dias inteiros numa secura total, sem nenhum consolo?

O Senhor me respondeu com um fato: a presença de meus amigos, Ariane e Marcelo, Milena e Ramon, hospedados no mesmo lugar que eu, de maneira totalmente inesperada, além da vinda de Ricardo e Karla, a mim não significa outra coisa que o abraço concreto de Cristo, o Mistério que me abraça por meio de uma amizade. O que me corresponde, o que eu desejo de verdade é esta amizade que me veicula o divino, uma amizade na qual Deus está dentro.

Ver também mais onze amigos aqui (Otoney e Miriam, mais Silvana e André com suas famílias mais o padre Ignazio), para estar juntos com outros amigos de Aracaju durante o Carnaval, numa unidade impensável e imprevisível é uma coisa extraordinária! Ter um padre do Movimento a 30 km de Aracaju também é uma coisa do outro mundo. Uma amizade como essa não é gerada por nós, só pode ser dom de um Outro, que nos ama loucamente!

A pergunta que emerge só pode ser: "Quem és Tu, ó Cristo, que preenches o desejo do nosso coração dessa forma, tão intensa e impensada? Quem és Tu que me atrais, que me fascinas, que me seduz desta forma?"

Reconhecer o abraço de Cristo me deixa livre na realidade. Quando "estou só", não estou só, há um Tu que me acompanha, enigmático, misterioso, mas existente, presente! Cristo existe mesmo, ressuscitou, está vivo, não é uma devota lembrança e nem um conto da carochinha, e que além de tudo, enche o meu coração de uma correspondência infinita! Entendo que tudo o que vem acontecendo, não é senão uma construção, é o "Tu-que-me-fazes" não como discurso, mas como fato, e que, se Ele me mói por dentro, é para purificar-me, burilar-me, Ele não quer para Si uma pedra bruta, mas lapidada.

Uma outra coisa que me chama atenção, mais uma vez, é Nossa Senhora! Estou morando a cinco minutos a pé da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora. Sempre pude contar com o seu auxílio nos momentos mais difíceis da minha vida, especialmente quando recorrer a ela era a única alternativa que eu tinha ao desespero ou a coisa pior. Mas ainda existe uma outra coisa: nesta igreja, há uma imagem branca de Maria no alto. Isto me lembra minha infância no interior da Bahia, pois eu morava no bairro da Conceição. Minha mãe não frequentava a igreja, mas quando eu ia cortar o cabelo, que era bem perto da igreja, me chamava a atenção a estátua branca de uma mulher no alto, que eu não conhecia, não sabia que era Nossa Senhora... Eu só me perguntava: "Quem é esta? O que é isto?" Anos depois, eu descobri, e hoje me recordo disto todas as vezes que vejo a imagem de Nossa Senhora no alto, quase todos os dias. A ternura do Mistério comigo chega a esse nível!...

"Quem é esta? E quem sou eu? Quem és Tu, ó Mistério? Quem és Tu, que perturba o meu coração desta forma, mostrando o quão vivo ele é?"

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