quinta-feira, 6 de maio de 2010

A presença de Nossa Senhora em Sergipe

Hoje, eu estava na Rodoviária Velha de Aracaju (a que vai para os municípios do interior), pois estava voltando de Pirambu, aonde tinha ido visitar meus amigos, os padres João e Natale. Enquanto estava na rodoviária, ouvi um dos motoristas dos micro-ônibus gritando "Dores! Aparecida! Glória!" O que tudo isso tem a ver? É que são títulos de Nossa Senhora que dão nomes a municípios sergipanos: Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Glória!

A (oni)presença  da doce nazarena em Sergipe é tão forte, tão impressionante, que cada vez mais cresce em mim a certeza: "É Maria que está comigo! Minha mãe não me abandona!" Na própria igreja de Pirambu (dedicada a Nossa Senhora de Lourdes) tem uma imagem gigante de Maria, que é igualzinha a que o meu amigo Vinícius trouxe para mim da França, e que sempre me acompanha: a imagem de Lourdes, mãe dos doentes! E quem não sofre a doença do pecado, que nos incha e nos azeda? Mas a força e a proteção concretíssima de Maria em minha vida é mais forte do que qualquer fraqueza minha, do que qualquer medo, qualquer incoerência!

Outro fato que me marcou muito foi, na época do dia de São José (também muito venerado na capital sergipana), tinha uma novena no meio da rua, com a imagem de Nossa Senhora da Conceição! Eu fiquei muito impressionado e pensei: "Meu Deus! Que povo é esse?" De fato, a Virgem Maria é o coração e a força do povo sergipano, do povo que sofre, do povo que peleja, como se fala aqui. Não é à toa que a devoção à Nossa Senhora das Dores é onipresente neste estado. Aonde quer que se vá, em qualquer igreja, está presente a imagem de Maria Dolorosa! O povo se identifica com as dores de Maria, ou, como disse o padre João "A experiência que mais une as pessoas é a dor, seja ela física, psíquica ou moral!"

Outro fato impressionante é a presença do único santuário da América Latina dedicado à Divina Pastora, no município homônimo (ao qual ainda quero ir para agradecer à Divina Pastora a predileção que ela tem por mim, seu indigno filho), que é uma devoção espanhola que nas Américas tem um único santuário em Sergipe.

Nossa Senhora é sinal da inteligência do povo sergipano. Maria de Nazaré é mais sergipana do que eu, mais humana do que eu, e eu fico muito grato por reconhecer a sua presença concreta em minha vida aqui no estado de Sergipe. Ou como diz Dom Giussani:

"A genialidade do cristianismo está na fidelidade com que é percebida a figura de Nossa Senhora; é aí que o método que Deus usou para salvar o mundo fica claro. A maior das categoria do método usado por Deus na história para com o homem é a escolha gratuita, a eleição. Do ponto de vista humano, nunca, como em Maria, essa gratuidade se manifestou em sua soberania absoluta. O fato de termos sido escolhidos é o sinal da liberdade absoluta de Deus. Em segundo lugar, Maria é a mãe do mundo novo, e por isso o mundo novo é feito por seu tipo moral, espiritual e físico, é feito d’Ela. Temos acesso ao milagre da libertação do homem e do sentido do cosmo e da história graças ao fiat de Maria. O desígnio de Deus quis ficar suspenso à mercê desse sim, pronunciado pela liberdade de Maria. Maria, enfim, é o paradigma total da vida cristã. Cristo é tudo, mas é d’Ela que nasce no mundo. O mesmo se dá conosco: tudo é dado pela força do Verbo que se fez homem, mas fisicamente é por intermédio de nós que Cristo se manifesta no mundo. A disponibilidade total a essa manifestação procede de uma única palavra: memória. Viver a memória do encontro com Ele para viver a disponibilidade a reconhecê-Lo de novo em todos os dias da vida. E quem é que vivia na memória dessa presença mais que Maria?" (Entrevista com Dom Giussani realizada em maio de 1979 para o semanário Il Sabato, que a publicou na edição nº 20, de 19/5/1979)

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