quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma dor imensa e uma beleza maravilhosa

Ontem, 14 de julho,  a França comemorava os 221 anos da Queda da Bastilha. Mas quem quase caiu fui eu, no Shopping Riomar, em Aracaju. Recebi de uma forma totalmente inesperada a notícia de que eu fui demitido. Uma dor imensa me invadiu, um misto de vários sentimentos: humilhação, impotência, frustração. Nem eu mesmo pensei que fosse sentir tanta dor. Era como se uma espada tivesse sido cravada no meu coração, como se tudo o que eu vivi, o que eu passei, fosse de reprente anulado, jogado no lixo, completamente desconsiderado. Me senti literalmente um número, como Clarice Lispector diz na crônica "Você é um número". Pior. Me senti como um copo de plástico descartável, usado e jogado fora. Não tenho vergonha de expressar isso aqui porque foi a mais pura verdade.

Saí quase que correndo para ir chorar no banheiro da praça de alimentação do shopping, porque eu penso que ainda tenho um pouco de dignidade. Antes de chegar, ouço uma voz que me grita: "Dimitri!" Era o meu amigo Camilo, junto com vários amigos de Aracaju, que são o rosto de Cristo para mim em Aracaju. Quando vi a cena, não resisti. Chorei ali mesmo no meio do shopping, cercado de amigos. Cada qual interprete este sinal como quiser, mas pra mim era o abraço concreto de Cristo, que não me deixou cair no vazio, mas estava apoiado nEle. Para mim, foi uma beleza maravilhosa, uma carícia do nazareno. E assim entendo que as coisas difíceis que acontecem em nossa vida não são masoquismo do Mistério, mas são para a maior glória de Deus. Porque ontem estava claríssimo para mim: Cristo ressuscitado, vivo, me abraçando num dos momentos mais difíceis da minha vida.

Depois, ainda tive a companhia de dois amigos de Salvador, que me acompanharam pelo messenger, e um amigo de São Paulo, por telefone.

É impressionante perceber a própria fragilidade, mas mais importante ainda é reconhecer que esta fragilidade é o recurso mais valioso que temos para sermos protagonistas da História, mendigando, pedindo. Porque é verdade realmente que o mendicante é o protagonista da História. Eu nunca me senti tão livre, tão verdadeiro, tão eu mesmo quanto ontem, chorando, no meio da praça de Alimentação, cercado de amigos! 

Nenhum comentário: