sábado, 9 de abril de 2011

Na Consolação e no Paraíso


Existem duas ruas em São Paulo que me marcam muito, porque nelas vivi experiências muito impactantes. São as Ruas da Consolação, na região central de São Paulo, e a Rua do Paraíso, na zona sul da capital paulista. Nestas ruas estão duas igrejas dedicadas à Nossa Senhora, uma sob o título de Nossa Senhora da Consolação, e a outra sob o título de Nossa Senhora do Paraíso.

Na Consolação me aconteceu uma coisa impressionante em 2008, quando devido a um fato que havia me acontecido alguns meses antes, eu estava literalmente paralisado, e vindo de Salvador a São Paulo para um encontro público do padre Julián Carrón no Vale do Anhangabaú (centro de São Paulo) com o Movimento Comunhão e Libertação, aconteceu-me de ir a uma missa na Igreja da Consolação. Sem planejar absolutamente nada, eu havia ido na Missa de 100 anos da Igreja da Consolação, e obviamente as leituras eram sobre a Consolação. Me marcou muito a homilia do padre sobre a Consolação, e que era muito bonito o fato de que em pleno centro de São Paulo exista um lugar onde as pessoas são perdoadas, abraçadas, consoladas. Eu passei a amar a Consolação porque fui verdadeiramente abraçado neste dia. Às vezes costumo fazer umas caminhadas e gosto de ir caminhando até a Consolação. Me marca ainda, a música de Tom Zé: "entre a Augusta e a Angélica eu encontrei a Consolação". Depois, descobri algumas coisas que me marcaram muito: o título "Consolação" é um título antiquíssimo, um dos mais antigos atribuídos a Nossa Senhora, e tem a ver com a consolação que receberia Santa Mônica que pediu durante vinte anos a conversão de seu filho. Ainda é um espaço dedicado à devoção à Divina Misericórdia. Realmente, impressionante... lugar de abraço!

Na Rua do Paraíso, sempre que passava lá, especialmente quando ia à Vila Mariana, de ônibus (na linha Ana Rosa, que cruza a Avenida Paulista), sempre via essa pequena igreja que fica imediatamente ao final da Paulista. Um dia, quando eu estava indo na Região da Liberdade / Bela Vista fazer o reconhecimento de uma firma, cruzei com a igreja... eu estava ansioso com algumas coisas, especialmente coisas práticas, que não são muito o meu forte. De repente, cruzei com a igreja, e disse a mim mesmo: "vou entrar aqui". Fiquei sabendo que entrei na catedral greco-melquita de Nossa Senhora do Paraíso, a sede no Brasil, de uma das igrejas orientais que permaneceu fiel ao Papa depois do Cisma do Oriente, em 1054. Quando cheguei lá, vi tantos ícones, a beleza era tão estupefaciente que eu me dei conta ali que estava sendo abraçado, mais uma vez por Nossa Senhora. 

Muitos desses ícones aparecem neste vídeo abaixo, um dos hinos mais famosos do Oriente, o Agni Parthene: Ave, ó Esposa Inesposada!

Resolvi escrever este post depois que li este poema, escrito na estação de metrô do Paraíso:

O paraíso fez em Portugal a febre de navegar
fez o índio migrar do litoral para o poente
fez o imigrante largar da Europa e do Oriente

Quimera a que não se pode renunciar
o paraíso será?

Para encerrar, conto uma anedota que me aconteceu no meio desta tarde. Voltava eu, de Santana, na zona norte da cidade, e peguei a linha azul, para descer na estação do Paraíso, já na zona sul (de lá fui andando até a Avenida Paulista pegar um ônibus), e no meio do metrô, tinha uma mulher vendendo balas, espalhando por todos os que estavam no metrô. Como eu quis comprar para ajudá-la, fui lhe perguntar: "moça, tem troco pra vinte?", ela me disse "tenho", ao que eu lhe falei "eu vou descer no Paraíso", ao que ela me retrucou "o Paraíso está longe, longe". Aí eu me dei conta da mais pura verdade: "ainda estou muito longe do Paraíso". Mas o que me anima é o que dizia Santa Tereza de Ávila: "a cada minuto, estamos um minuto mais perto". Mais perto da meta!

Um comentário:

Elise disse...

O Paraíso não está longe de mim, eu O vejo todo dia numa rodelinha branca... Mesmo na escuridão e na depressão, embora não possa ainda provar das delícias do Paraíso, creio que Ele está perto, bem perto, misteriosamente...