segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O empenho e o penhor

Uma das lembranças mais dolorosas que tenho na vida é do tempo que eu tinha de acordar para ir às aulas de Estatística na UFBA, que começavam às sete horas, e que eu, na maior parte das vezes, chegava às nove. Lembro-me como hoje da minha total ausência de forças para levantar e ir, da minha total falta de motivação. Isso já faz muito tempo, oito anos para ser mais exato, mas essa situação sempre me suscitou a pergunta acerca da palavra "empenho": para que se empenhar? 

Dei-me conta, há alguns minutos, fazendo palavras-cruzadas, que a palavra "empenho" vem da mesma raiz da palavra "penhor". O penhor é uma forma tradicional de empréstimo no qual se dá um bem como garantia, geralmente avaliado em ouro, para ser resgatado futuramente, mediante a devolução com juros do dinheiro emprestado. E eu fiquei muito impressionado me dando conta exatamente: só é possível se empenhar em algo se você reconhece uma promessa dentro. O empenho verdadeiro, para não ser um ativismo histérico ou o disfarce de uma hiperatividade neurótica, só pode nascer da percepção da promessa, do penhor que é a realidade. O trabalho sempre nasce da esperança.

Nenhum comentário: