sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Aparecida


Uma das graças maiores que tive na vida foi o fato de ter ido ao Santuário de Aparecida. O Padre Quevedo, famoso por desbaratar pseudomilagres, especialmente por meio da parapsicologia, da qual é autoridade mundial, já havia falado que Aparecida é um lugar divino, ou seja, um lugar onde realmente houve uma manifestação do Mistério, do numinoso ali. Vi isso com os meus próprios olhos quando lá estive, há dois anos, na solenidade de comemoração dos 293 anos da aparição de Maria no Rio Parnaíba, em 1717. É um espetáculo esplêndido, numa época cética e pós-cristã ver romeiros caminhantes há dias nas estradas, uma multidão inumerável de pessoas agradecendo, ex-votos; é impressionante ver a evidência da presença de Maria, de suas graças e de suas bondades. Faço minha a pergunta que os Anjos, olhando uns para os outros, se fazem: "Quem é essa?" (Ct 6,10)

Aparecida é um dos tantos títulos de Nossa Senhora ligado ao tema da escravidão, como o título de Nossa Senhora das Mercês. Impressiona ver que numa colônia marcada pela escravidão, Nossa Senhora aparece enegrecida, envolvida numa rede de pescadores, que estavam desesperados porque não estavam achando peixes para levar para um fidalgo que estava hospedado nas paragens de Garatinguetá. Impressiona ver a pequenez da imagem e o abraço que faz a todo o Brasil, todo o povo acorrendo. Em Aparecida se vê a ternura de Deus e a preferência que Ele tem pelo povo brasileiro. Sempre me marcou saber que  quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil consagrou esta terra à Nossa Senhora da Esperança (a imagem de Nossa Senhora da Esperança é muito bonita: Nossa Senhora carrega Jesus no colo e ele brinca com o Espírito Santo, que está em forma de pomba). Desde sempre o nosso país é o país do futuro.

Devo minha fé à Nossa Senhora. Há mais de quinze anos, quando minha avó estava para morrer, vi o quanto nós somos limitados. Minha mãe tinha viajado, e eu me pus diante de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida a pedir. E ali eu me dei conta de que não tinha fé, de que não conhecia Deus. E ter me dado conta de que eu não tinha fé, de que eu não conhecia Deus me marcou muito. Depois, uma série de perguntas e de encontros me fizeram encontrar a Igreja e a fé. Lembro-me que diante da imagem de Aparecida, eu pedi, sem fé, a vida da minha avó, mas Nossa Senhora me deu mais: me deu a fé, e deu a mim a vida eterna, a vida que minha avó já tinha, por ter fé. E este ano fui novamente agradecer. Pedi para conhecer e amar cada vez mais a Senhora Aparecida, a Rainha do Universo e dos corações. Escrevo essas coisas, confiando no que ela diz de si mesma, que aqueles que a tornam conhecida terão a vida eterna (Eclo 24,31). São muitas as coisas que eu teria a contar, tão grande é a preferência e a bondade da Rainha do Universo por mim. O dia de hoje me enche de gratidão.