quinta-feira, 25 de julho de 2024

DEZ REMÉDIOS CONTRA A CONCUPISCÊNCIA

O QUE É A CONCUPISCÊNCIA 


“Todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração.”

(Mt 5,28).


A luta contra a concupiscência carnal passa pela purificação do coração e pela prática da temperança. A pureza de coração permitir-nos-á ver a Deus: desde já, permite-nos ver tudo segundo Deus. A purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza de intenção e do olhar. 


Disse Santo Agostinho: “Eu pensava que a continência dependia das minhas próprias forças, forças que em mim não conhecia. E era suficientemente louco para não saber [...] que ninguém pode ser continente, se Tu lho não concederes. E de certo Tu o terias concedido, se com gemido interior eu chamasse aos teus ouvidos e se com fé sólida lançasse em Ti o meu cuidado.”


O Apóstolo São João distingue três espécies de cupidez ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Em sentido etimológico, «concupiscência» pode designar todas as formas veementes de desejo humano. A teologia cristã deu-lhe o sentido particular de impulso do apetite sensível, contrário aos ditames da razão humana. O apóstolo São Paulo identifica-a com a revolta que a “carne” instiga contra o “espírito”. Procede da desobediência do primeiro pecado. Desregra as faculdades morais do homem e, sem ser nenhuma falta em si mesma, inclina o homem para cometer pecado.


No homem, porque é um ser integrado de espírito e corpo, já existe uma certa tensão. Trava-se nele uma certa luta de tendências entre o “espírito” e a “carne”. Mas esta luta, de fato, faz parte da herança do pecado, é uma consequência dele e, ao mesmo tempo, uma sua confirmação. Faz parte da experiência cotidiana do combate espiritual.


Segundo o Papa São João Paulo II, “para o Apóstolo, não se trata de desprezar e condenar o corpo que, com a alma espiritual, constitui a natureza do homem e a sua personalidade de sujeito; pelo contrário, ele fala das obras, ou antes, das disposições estáveis, virtudes e vícios, moralmente boas ou más, que são o fruto da submissão (no primeiro caso) ou, pelo contrário, da resistência (no segundo caso) à ação salvadora do Espírito Santo. É por isso que o Apóstolo escreve: ‘Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o espírito’ (Gl 5, 25)”.


O COMBATE À CONCUPISCÊNCIA 


“Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém, quando for tentado, diga: “É Deus quem me tenta”. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”

(Tiago 1,12-15)


Combater a concupiscência é tarefa árdua, mas não impossível. O Padre Antonio Royo Marin, da Ordem dos Pregadores, em sua obra "A teologia da perfeição cristã", apresenta dez "remédios" para essa missão:


  1. Mortificação: mortificar-se nas coisas lícitas, renunciando a prazeres honestos a fim de ter forças para renunciar aos ilícitos;

  2. Afeição ao sofrimento e à cruz: aproximar-se de Cristo na Cruz é também aproximar-se do Amor que será pleno no céu. Não existe meio de amar sem estar disposto a carregar a cruz e a amar os outros;

  3. Combate à ociosidade: usar o tempo para estar com Deus;

  4. Fuga das ocasiões perigosas: não dar oportunidade para a tentação carnal se manifestar. Não bastam os propósitos de não pecar, pois o corpo quer o contrário do que a alma deseja;

  5. Meditação a respeito da dignidade do cristão: considerar que todos são chamados à santidade, todos têm essa alta vocação e pensar sobre ela afasta do pecado;

  6. Lembrar que o Inferno existe: o castigo do pecado pode ser aplicado tanto pela danação eterna quanto ainda neste mundo;

  7. Recordar a Paixão de Cristo: olhando o amor com que Jesus amou a humanidade, doando-se inteiramente para salvá-la, faz com que haja uma maior resistência ao pecado;

  8. Orar de modo humilde e perseverante: para combater o pecado é preciso contar com a ajuda da graça eficaz. O pedido amoroso a Deus é fundamental para que a carne seja vencida;

  9. Devoção terna e amorosa pela Virgem Maria: Ela foi dada à humanidade como auxílio na luta contra o pecado. No dia em que pecado instalou-se no mundo, Ela foi profetizada por Deus. Maria Castíssima, Puríssima e Santíssima ajuda no combate;

  10. Frequência nos sacramentos: especialmente o da Confissão e da Eucaristia, que são escolas de santidade, importantíssimas para a verdadeira conversão. O sistema de salvação que vem pelo sacramentos foi dado por Deus para esta batalha.

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