Um amigo me escreveu hoje me contando acerca de mais uma pequena batalha que houve em sua casa. Uma batalha pela clareza, pela luz, pela verdade. Uma batalha contra o relativismo, enfim, contra o mal, contra a confusão que paira em nosso meio. Mas, se alguém vier me perguntar o que é a vida, eu logo respondo: "é uma guerra". A vida não é outra coisa senão uma guerra, uma guerra pela vida, pelo bem, pela verdade. Por isso, Jesus diz no Evangelho que veio trazer a espada, e não a paz, porque a vida é guerra: uma guerra pelo bem e pela vida, pela verdade. Uma guerra para a qual para assumir é preciso ter coragem. É covardia fugir da vida, mas também é estupidez viver sem as "armas" necessárias para tanto.
Uma das maiores armas que possam existir e que a tradição cristã, tão esquecida por nós ocidentais, aponta, é o Rosário da Virgem Maria (também carinhosamente conhecido como "terço" por nós, brasileiros).
O Rosário, tal como o conhecemos, em sua origem, foi uma oração de batalhas. Não foi uma oração originalmente de "velhas", como muita gente erroneamente pensa hoje. É uma oração viril, e da virilidade. O Rosário, tal como nós o conhecemos, nasceu na militar Espanha, que formou-se como país na famosa Guerra da Reconquista, que durou de 732 a 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos da Europa. É preciso ser muito homem para rezar o Rosário e guerrear neste mundo com ele. Porque o Rosário é um dos maiores instrumentos de contemplação que a tradição cristã possui. Ele nada mais é do que o compêndio, a síntese do Evangelho, como nos diz o Papa João Paulo II na belíssima Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae (O Rosário da Virgem Maria), de 2002.
O Rosário é para ser recitado em ritmo de marcha, pois é uma oração de guerra. Todos os santos, desde o século XVI, até hoje, sem exceção, a recitaram. O próprio Papa João Paulo II dizia que o Rosário era a sua oração predileta. Pois então: quem quiser um conselho para enfrentar a própria vida e todos os seus desafios com coragem, fortaleza e tenacidade, não deixe de pegar o Rosário em suas mãos. Pois São Paulo fala que devemos enfrentar a vida com "a armadura de Deus". E São Luís Maria Grignon de Montfort (1673-1716) compara o Rosário com nada menos que a funda com a qual o pequeno Davi destruiu ao gigante Golias (cf. 1 Sm 17, 40-54). Cada "Ave-Maria" é como que uma pedrada lançada contra o "Golias" que visa destruir a nossa vida e ao mundo inteiro: esta mentalidade relativista.
Cada "Ave-Maria" é a afirmação da Encarnação do Verbo, de que Deus se fez homem, nasceu de uma mulher como diz São Paulo (cf. Gl 4,4) e está presente. A Ave-Maria abre uma fenda na mentalidade relativista, porque Maria é a maior inimiga dessa mentalidade para a qual tudo caminha para o nada, para a destruição, para o absurdo e o non sense. A recitação meditativa da Ave-Maria é o maior inimigo que o relativismo possa encontrar.
Por fim, segue abaixo o que o Beato Bártolo Longo (1841-1926), que construiu o famoso Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, em 1887, falou a respeito do Rosário:
"Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há-de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompeia, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu".
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