sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O yorkshire e o Natal


Há alguns dias, recebi uma mensagem de uma amiga me alertando sobre o estardalhaço que a mídia fez com o cão Titã, enterrado vivo pelo próprio dono há mais de uma semana. E eu realmente levei isso em consideração, a tal ponto que ontem, quando vi o que uma enfermeira de Goiás fez com o seu cão yorkshire, simplesmente não acreditei, tal era a estapafúrdia da situação, achando que era sensacionalismo fake. Procurei ver em sites mais "sérios", mas ontem só aparecia algo na mídia indie. Na mídia "oficial" não havia nada. Hoje, pela manhã, já havia a matéria no Yahoo! e no UOL, e o delegado da cidade onde a meliante reside e executou o seu crime confirmou o óbito do cão por maus-tratos; assassinato, ora pois.

Há algum tempo, tinha dado um time neste blog, porque como diz a grande Rose Busyinge, de Uganda, "neste mundo se fala demais, e é necessário ver", e a mim não é difícil falar nem palpitar. Sou filho da cultura do palpite, como diria o grande poeta Bruno Tolentino, e não tenho vergonha de confessar minha ignorância e estupidez. E fiz isso calando-me. Como gosto de divulgar, passei a espalhar aquilo que eu achava que era bom, como muitos textos (um dos últimos este sobre o Natal, de Marco Montrasi http://passos.tracce.it/default.asp?id=411&id_n=2569). Mas nas últimas semanas, muitos fatos conexos entre si e ao mesmo chocantes me levaram a me indignar e a querer escrever essas poucas linhas.

É chocante ver cães sendo arrastados pelas ruas amarrados a carros, enterrados vivos, espancados até a morte. Sinal evidente de que algo há de errado com as pessoas, sejam por fazerem estas coisas, seja por não se indignarem e se chocarem com elas. No meio disso tudo, a coisa mais inteligente que eu li foi a seguinte: "Para que cria? (o bicho)". O que me impressionou, nestes dias, é perceber como o mal é patético e grosseiro, grotesco, porque essas atitudes são estúpidas. Quem obriga essas pessoas a terem esses cães? Quem os obrigou a criá-los? Ou por que matá-los com tais requintes de crueldade? Poderiam simplesmente dar um veneno, mas não: aqui evidencia-se o prazer do mal, de infligir dor e tortura.

 Realmente, existe algo de errado no ser humano, algo de muito errado, diria Chesterton. A Igreja fala em pecado original. Porque não deve ser normal sentir prazer na dor do outro. Mas as coisas estão assim. Como diria o grande Renato Russo: "vivemos num mundo doente". Graças a Deus que o Natal, uma criança presente nos lembra que nem tudo são trevas, que a realidade é mesmo ocasião de novidade, e remédio para essa doença mortal que nos atinge. Como é bom poder respirar e sair do bunker, no qual pobres animais são arrastados, enterrados vivos e espancados até a morte!

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