sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Voltei!

Depois de quatro meses de "jejum" da escrita, voltei, após um período de pausas e reflexões... Tenho conversado com muitas pessoas nesse tempo, e tenho percebido que a futilidade, a superficialidade, o cinismo dominam mesmo a vida das pessoas... O escritor Camus disse que a questão fundamental é acerca do sentido da vida. E quantos se perguntam acerca disso? Ontem, li no jornal A Tarde que um adolescente de quinze anos cortou o pescoço de outro, de treze anos, com uma gilete; conversando com um mulher na rua (Joana Angélica, ontem de manhã), ela dizia "o mundo está muito perverso", "ele não chega aos vinte e cinco, a polícia mata". Pensei "o que estamos fazendo com os nossos jovens? O que estamos fazendo conosco?", conversando com duas colegas na terça-feira, elas simplesmente diziam que o "eu" não existe, tudo é fruto de "influências" do cosmos, da sociedade, das pessoas, da época, isto é, do poder... fico impressionado como tudo isso é fruto da negligência do eu, ninguém está nem aí para si mesmo, todo mundo se preocupa com tudo, menos consigo mesmo: quem sou eu? O que será de mim? O que estou fazendo aqui? A negligência do eu é o desastre da nossa civilização do eu, a destruição do sujeito operada pelos desconstrucionistas e cia. estão na origem da destruição de nossa civilização, acompanhada pelo advento da barbárie. Alain Touraine se pergunta se podemos viver juntos, penso que sim, desde que reconheçamos aquilo que nos une: a nossa humanidade, e suas exigências elementares que a caracterizam. Posso não ter aparentemente nada a ver com um japonês, por exemplo, mas somos todos homens, temos uma humanidade em comum, traduzida nas mais diversas maneiras... fenômenos como o "comunitarismo", "guetismo" e coisas do gênero nada mais são que sintomas de uma tentativa de afirmação do identidade na época da dissolução do "eu". Tudo isso só afirma o "eu", este não pode ser destruído, dado que é estrutural, mas pode ser negligenciado, tratado como se não existisse, e se eu não nem aí para o meu eu, para mim mesmo, para quem eu sou, obviamente, não estarei nem aí para o "eu" do outro, o homem concreto, que vive e sofre. É muito fácil se preocupar com "a humanidade", os "direitos humanos", "os oprimidos" etc, difícil é ajudar uma pessoa que está passando mal na sua frente, emprestar dinheiro para um amigo que precisa, ouvir uma pessoa que precisa de atenção... porque não conseguimos nem dar atenção às exigências mais elementares que são a nossa natureza... e isso explica a negligência completa do governo com a greve de fome do bispo da Barra (BA), dom Luiz Cappio, por exemplo: a negligência do eu, eis o grande o mal da nossa civilização, a destruição do humano.

Um comentário:

Trobadour Solitaire disse...

Não é a destruição do "eu" que faz com que o homem seja egoísta que apague o seu lado altruísta,mas o narcisismo,ou seja, a adoração desse eu que faz com que estúpidos sejam eleitos para fazerem coisas que julguem boas para o seu eu. O que os descontrucionistas dizem não é que o eu está desconstruído,mas que ele se fragmentou,está misturado a tudo e a todos,pois hoje não podemos dizer que um francês é assim e assim,pois o seu eu não se limita,não se delimita a seu espaço geográfico,ele está partou, se você me entende!!
Muito bom texto e vamos tentar juntar nossas palavras e publicá-las em algum meio mais "forte" o que acha?