quinta-feira, 5 de junho de 2008

Despedaçados

Ontem pela manhã fui levar um amigo que trabalha em Roma e passou a semana em Salvador à Catedral Basílica no Terreiro de Jesus, depois fui ao museu que fica logo atrás da "nave" (a principal parte) da Igreja. Fiquei impressionado com a mentalidade que se exprimia numa das salas, porque era de uma perfeição impressionante. Eu fiquei verdadeiramente chocado, essa é a palavra, com a distância da qual eu mesmo estou daquela mentalidade. O que me impressionou foi a riqueza de detalhes, a perfeição no mínimo desenho, que só é possível a quem tem a consciência do todo, um Jesus crucificado que parece real... eu pensei: "só quem tem uma forte experiência com o Senhor Jesus faz uma coisa dessas, não se faz por encomenda, ou por estética". Indo à Catedral foi que eu percebi a dimensão do niilismo no qual estamos vivendo, e que nem eu mesmo dele estou livre. A nossa mentalidade é despedaçada, esquizofrênica, falta o sentido do todo, o sentido da vida, da realidade... o niilismo é realmente a praga desta época, sem dúvida, a mais terrível da História, época de avanços magníficos na técnica e na ciência, mas ao mesmo tempo, uma época na qual o sentido da vida, que é como disse Camus, "a mais urgente das questões", a mais primordial necessidade, é terrivelmente negligenciado. Nunca houve época como esta! O buraco negro do niilismo e do nada, ameaça engolir a todos: por isso triunfa a esquizofrenia, a depressão, a loucura... ainda bem que existe uma realidade concreta, que nos faz lembrar que não estamos determinados pelo despedaçamento e que existe uma possibilidade muito concreta de viver a vida cem vezes mais, de modo inteiro, sem renegar e nem esquecer nada!

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